Declarações do presidente contribuíram com a alta do dólar, que atingiu um pico de R$ 5,526, encerrando o dia a R$ 5,519
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (26) voltaram a causar tensão no mercado financeiro. O chefe do Executivo questionou a necessidade de cortar gastos, fez novas críticas aos investidores, comentou a sucessão no Banco Central e disse que vai rever a qualidade dos gastos públicos, especialmente os benefícios fiscais. As falas ocorreram em entrevista ao portal UOL, replicada nos canais oficiais do Planalto.
Após a declaração, o dólar atingiu um pico de R$ 5,526, apesar de estar influenciado, principalmente, pela alta da moeda americana no cenário externo. Já o Índice Bovespa despencou logo após a fala do presidente, mas recuperou o patamar em seguida. Lula rebateu críticas sobre o excesso de gastos na sua gestão, afirmando que “o problema não é que tem que cortar, mas saber se precisa efetivamente cortar. Temos que aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão.”
Com dificuldades para aumentar a arrecadação, o governo vem sendo pressionado a cortar gastos — o que Lula reluta em fazer. A equipe econômica estuda formas de reduzir os benefícios fiscais, que foram apontados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como o ponto mais preocupante das contas públicas no ano passado. Para Lula, os benefícios devem ser pontuais e temporários, apenas para incentivar o crescimento de alguns setores. Apesar de estudar formas de cortar gastos, ele frisou que não vai ceder à pressão do mercado.
Lula também voltou a fazer críticas ao mercado financeiro e aos pessimistas com a economia, dizendo que o crescimento vai superar todas as previsões. “O mercado sempre precifica desgraça. Está sempre trabalhando para não dar certo, sempre torcendo para as coisas serem piores do que são”, lamentou. “A Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Vamos ser francos, vocês acham que quando eles estão discutindo o aumento na taxa de juros, estão pensando no cara dormindo debaixo de uma ponte? No cara morrendo de fome? Não pensam. Pensam no lucro”, disse.