São João: festa tradicional e cultural

Nos últimos anos, tem se tornado comum criticar as grades de programação dos principais festejos de São João em Caruaru e em outras partes do Nordeste. O predomínio de artistas de gêneros como sertanejo, axé e música eletrônica tem, gradativamente, apagado as tradições autênticas da festa. Este ano, em Caruaru, a situação beirou o desrespeito, com o prefeito e seus aliados comemorando a inclusão de uma atração internacional no maior palco de forró do mundo, enquanto excluíam artistas profundamente ligados à cultura local.

É essencial compreender que a crítica não é contra a festa em si, que é vital para a economia local e o sustento de milhares de famílias. Também não é um ataque aos artistas contratados para se apresentar. A questão central é a valorização do forró e da cultura regional. O São João de Caruaru não é uma micareta; é uma celebração da cultura tradicional, com xote, baião, sanfona, zabumba, triângulo, bacamarteiros e outros elementos característicos como a feira, a literatura de cordel e o artesanato. Esses elementos estão sendo negligenciados pela atual gestão.

É urgente resgatar nossos elementos culturais e tradições, que fizeram do São João um patrimônio histórico e imaterial do Brasil, título concedido pelo governo Bolsonaro. Infelizmente, a atual gestão parece desmerecer esse reconhecimento, organizando sua terceira – e esperamos última – festa junina descaracterizada.

Foi com essa preocupação que surgiu o projeto de criação da Lei Luiz Gonzaga, que obriga todos os prefeitos a destinarem 80% dos recursos públicos dos festejos juninos para artistas que tenham vínculos com a cultura regional. Isso garantirá a presença de um São João autêntico em Caruaru, Campina Grande e em todo o Nordeste, preservando as tradições e o forró clássico, enquanto ainda respeita espaço para outras manifestações artísticas sem descaracterizar a essência da festa.

Que 2024 seja o último ano de gestores que vendem a alma de eventos de tamanha importância sem considerar o futuro e as próximas gerações. Seu interesse se limita à festa e ao lucro, ignorando as necessidades reais da população, como obras inacabadas, estradas não asfaltadas e problemas não resolvidos. O São João, por si só, não resolve esses problemas. Apenas gestores comprometidos com o trabalho e o bem-estar da população podem fazer isso. A imagem e a autoestima do povo de Caruaru devem ser sempre o foco principal. Vamos em frente, em busca de um São João que celebre verdadeiramente nossa rica cultura e tradição.

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