No último dia 16, a Agência Espacial Europeia (AEE) divulgou estimativas alarmantes sobre o buraco na camada de ozônio, localizado sobre a Antártida. Segundo os dados obtidos pelo satélite Copernicus Sentinel-5P, o buraco atingiu um tamanho impressionante, alcançando 26 milhões de km², o que representa três vezes o território do Brasil.
O Copernicus Sentinel-5P, lançado em 2017, é equipado com o espectrômetro avançado Tropomi, capaz de detectar assinaturas de gases atmosféricos em diversas faixas do espectro eletromagnético. Através das leituras do ozônio processadas em centros aeroespaciais em terra, os cientistas monitoram a saúde da camada de proteção contra os raios ultravioleta.
A rarefação sazonal da camada de ozônio, conhecida como “buraco”, normalmente atinge seu tamanho máximo entre meados de setembro e outubro. Entretanto, em 2023, a abertura começou mais cedo, já em agosto, surpreendendo os cientistas. A variação de tamanho está relacionada à força dos ventos estratosféricos na região antártica, influenciados pela rotação da Terra e pela diferença de temperatura entre as latitudes médias e polares.
Os cientistas da AEE consideram prematuro atribuir as concentrações baixas de ozônio a uma única causa, mas especulam que eventos como a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai em janeiro de 2022 e incêndios na Austrália podem ter desempenhado papéis significativos. A erupção liberou vapor de água na estratosfera, atingindo a região polar sul no final do ano passado, aumentando a quantidade de nuvens polares. Nessas condições, substâncias como os clorofluorcarbonetos, responsáveis pelo buraco na camada de ozônio nas décadas de 1970 e 1980, aceleram a rarefação de ozônio.
Apesar do Protocolo de Montreal, que baniu e descontinuou a produção de clorofluorcarbonetos em 1987, a recuperação da camada de ozônio está ameaçada por substâncias como o bromofórmio, de uso humano. A expectativa é que a camada se recupere completamente e retorne ao estado normal até 2050, mas os desafios persistem, exigindo uma vigilância constante e ações para evitar retrocessos nos esforços de preservação ambiental.