O impacto das derrotas políticas muitas vezes é subestimado, mas pode impulsionar indivíduos do desconhecimento à glória, construindo carreiras notáveis. O exemplo de Pernambuco, em 1986, destaca como enfrentar uma derrota aparentemente inevitável pode ser uma estratégia valiosa.
Na época, Miguel Arraes retornava à política como um verdadeiro “mito”. A expectativa era sobre o tamanho da sua vitória na eleição para o governo de Pernambuco. A única incerteza era quem aceitaria perder para ele, dada a previsão de uma derrota pesada.
José Múcio, então no PFL, assumiu a chapa e desafiou as probabilidades, lançando-se na eleição que todos temiam perder. Embora Múcio tenha perdido para Arraes, a derrota não foi tão feia quanto se imaginava. Ele conquistou 40% dos votos totais, uma performance notável considerando a magnitude da competição.
Essa derrota desafiadora foi crucial para a construção da carreira política de Múcio. A cultura brasileira muitas vezes desconsidera o segundo lugar como um perdedor, mas, na realidade, Múcio se destacou como uma figura respeitada na política, sendo deputado federal, líder de governo, presidente do Tribunal de Contas da União e atual ministro da Defesa.
O exemplo de Múcio ressalta que perder, desde que com dignidade e competitividade, pode ser uma vitória crucial na construção de uma carreira política. No contexto atual, com João Campos sendo visto como favorito na eleição para prefeito do Recife, os desafiantes têm a oportunidade de ganhar notoriedade, mesmo em uma derrota certa. A coragem de entrar na disputa, mesmo sabendo da desvantagem, pode render frutos a longo prazo, como demonstrado pelo sucesso de Múcio. Perder, às vezes, pode ser a maior vitória.