As sucessivas pesquisas demonstrando uma desaprovação maior que a aprovação, uma governança baseada em ódio e vingança e derrotas vexatórias, como a desta terça-feira (28) no Congresso, instauraram uma crise inédita no governo empossado há apenas 16 meses. A derrubada de vetos de Lula, que queria manter as “saidinhas” de presidiários, e outras derrotas em votações importantes levaram José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, a pedir mudanças. “Não está bom”, admitiu.
“Ainda dá tempo”, diz Guimarães, de olho em pesquisas como a Quaest, indicando que, para 55% dos brasileiros, ele não merece ser reeleito. O deputado petista defende mudanças urgentes, engajando não petistas para a articulação política, como nos primeiros governos de Lula. A decisão do Congresso contra o governo e do STF de jogar no lixo a censura nas redes sociais, sob o pretexto de “combate à fake news”, também trouxe dor de cabeça ao governo.
Foi uma recompensa a remoção de Frederico Meyer da embaixada em Tel Aviv para a missão do Brasil na Conferência do Desarmamento, em Genebra. Meyer é mais um diplomata que passou por uma situação embaraçosa por causa de Lula (PT): sofreu humilhação sem precedentes de Israel Katz, chanceler de Benjamin Netanyahu. Diante de jornalistas, Meyer foi repreendido em iídiche, no Museu do Holocausto, após Lula comparar a reação aos terroristas do Hamas ao holocausto. “Como ousa?”, indignou-se Katz.
Com a saída do embaixador, o Brasil será representado por encarregado de negócios. O governo de Israel poderá adotar tratamento recíproco. Colegas acreditam que Fred Meyer, de desempenho discreto no Itamaraty, jamais chegaria à Conferência do Desarmamento por mérito próprio. Lula se tornou o primeiro presidente brasileiro a ser considerado persona non grata no exterior, tornando inócua a presença do embaixador brasileiro em Tel Aviv.