A busca pela fuga e desconexão na sociedade contemporânea encontrou expressão na moda primavera-verão de 2024, onde a estética “delulu” se tornou proeminente. Inspirada pela cultura K-pop, o termo “delulu” originalmente descrevia fãs obcecados que ilusoriamente acreditavam em uma conexão pessoal com seus ídolos. Agora, ele evoluiu para um mecanismo de defesa irônico e lúdico contra o desencanto e a falta de soluções para os problemas da geração atual.
Marcas de moda, tanto consolidadas quanto de nicho, incorporaram elementos delulu em seus desfiles. A ênfase está no styling, na construção de uma imagem específica, que vai além das roupas e acessórios para incluir gestos, postura e looks de beleza. A moda delulu é uma forma de escapismo, oferecendo uma pausa na realidade diária desafiadora.
A abordagem destemida da moda delulu inclui combinações de cores ousadas, uso de acessórios extravagantes e homenagens pós-modernas. A autoexpressão e a auto-indulgência são fundamentais, permitindo que as novas gerações riam de si mesmas. A estilista Helena Contreras destaca a importância da moda na inclusão daqueles que não se encaixam no sistema.
Apesar de ser uma forma de escapismo, o “delulu” também pode ter uma dimensão crítica. Ao explicitamente assumi-lo como uma dissociação da realidade, abre-se a possibilidade de um discurso crítico e reflexivo. Enquanto alguns veem o “delulu” como acomodatício, outros acreditam que pode ser um instrumento de salvação, gerando imaginários e utopias essenciais para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea.
Em última análise, a moda delulu oferece uma perspectiva diversificada e inclusiva, destacando a importância da diversidade na expressão estética e no avanço da moda.
