Há cinco anos, os moradores do bairro do Pinheiro, em Maceió, começaram a notar rachaduras preocupantes em seus imóveis. O problema, originado pela mineração, expandiu-se para outros quatro bairros, forçando a evacuação de cerca de 60 mil pessoas. Recentemente, em 27 de novembro, um alerta de colapso na mina 18 da Braskem agravou ainda mais a situação.
Até as 17h desta sexta-feira (1), o solo da mina 18 cedeu 1,43 metros, segundo a Defesa Civil Municipal. O colapso iminente poderia atingir duas minas vizinhas, formando uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã e afetando o ecossistema na área da lagoa, conforme alertou o professor Abel Galindo.
A tragédia se desenha desde a década de 1970, quando a mineração de sal-gema pela Braskem começou em Maceió. Em 2018, rachaduras e tremores danificaram irreversivelmente imóveis no Pinheiro. A evacuação, iniciada em 2019, afetou mais de 14 mil residências, transformando bairros inteiros em áreas fantasmagóricas.
A Braskem, responsável pela instabilidade do solo, anunciou o fechamento das minas em 2019. Um programa de compensação financeira foi criado, mas discordâncias sobre indenizações levaram a ações judiciais. Em janeiro de 2023, a Braskem acordou em ressarcir a Prefeitura de Maceió em R$ 1,7 bilhão pelos danos.
O ano de 2023 foi marcado por protestos de moradores do Bom Parto e cinco tremores em novembro. O alerta crítico na mina 18 levou à evacuação, e a Prefeitura de Maceió decretou situação de emergência, reconhecida pelo governo federal.
A cidade enfrenta um cenário complexo, onde o histórico de negligência e os impactos ambientais se convergem em uma crise humanitária, exigindo respostas imediatas e soluções a longo prazo para a segurança da população e a recuperação da região afetada.