Em resposta às recentes revelações da Folha de S.Paulo sobre o possível uso político de cisternas e caixas-d’água em municípios do semiárido brasileiro, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) anunciou a criação de comissões de investigação. Essas comissões se concentrarão na avaliação das entregas feitas nos municípios de Santa Filomena, em Pernambuco, e Campo Formoso, na Bahia, que são redutos de políticos do centrão e foram beneficiados com emendas parlamentares.
De acordo com a Codevasf, essas comissões foram constituídas nas duas regionais da estatal, com três profissionais em Petrolina e quatro em Juazeiro, na primeira semana de outubro. Os prazos iniciais para a conclusão das apurações foram fixados em até 30 dias. A Codevasf destacou que o descumprimento dos termos de doação pode resultar na reversão das doações, e as conclusões das comissões podem subsidiar a adoção de outras medidas.
As investigações surgiram após as reportagens da Folha de S.Paulo revelarem possíveis irregularidades na distribuição de cisternas e caixas-d’água, que foram destinadas a municípios por meio de doações da Codevasf. A análise da Folha indicou casos de armazenamento impróprio desses equipamentos, inclusive vendas por moradores de equipamentos doados pelo governo federal. Além disso, a maioria das cidades mais vulneráveis à seca na região do semiárido brasileiro não recebeu esses recursos.
A iniciativa da Codevasf tem como objetivo esclarecer as alegações de uso inadequado desses recursos e garantir que esses benefícios sejam distribuídos de acordo com as necessidades e regulamentos apropriados, em vez de serem utilizados com fins políticos inadequados. A criação dessas comissões demonstra o compromisso da estatal em garantir a integridade e eficácia de seus programas de assistência em regiões afetadas pela seca, que dependem fortemente desses recursos.